sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

ME DESCULPEM

Me desculpem mas eu não conseguí ir deitar sem escrever esse texto.
Não conseguiria acomodar a minha cabeça no meu travesseiro e dormir tranquilamente sem antes publicar esse manifesto!
Assistí por várias vezes as cenas de um companheiro de farda da Polícia Militar sendo alvejado e morto diante das câmeras e custei a acreditar que eram cenas da vida real.
Me pergunto, mas sem respostas, se seria lícita essa atitude de um marginal que já tinha uma vítima na condição de refém, atirar em um homem que está alí pra defender a sociedade e até a ele mesmo se fosse necessário.
Defenderia o seu algoz sim, se a sociedade se manifestasse e tentasse linchar o criminoso.
Não quero mesmo crer que tenho que aceitar essa dura realidade como uma mórbida confirmação do fim dos tempos ou apenas o princípio das dores.
Amanhã teremos mais um espetáculo dos programas de TVs que vivem de divulgar a desgraça da vida real e alheia; Teremos um cidadão recebendo uma bandeira dobrada que nunca, nem daqui a mil anos, substituirá esse ente querido que se foi hoje.
Depois de amanhã esse ser HUMANO será nada mais que um número na estatística.
Me espanto com a omissão da sociedade que presencia a adaptação do ESTADO aos caprichos dos criminosos, hoje vemos espalhados por toda a cidade, cartilhas de como se comportar diante de um assaltante por exemplo, "não reaja", "não faça movimentos bruscos", até quando?
Me desculpem!
Me desculpem pelo fato de eu ser mais um Policial e sentir como se fosse na minha pele a dor dessa família que amanhã ainda não terá assimilado essa situação, e em estado de choque pranteará já sem lágrimas e enterrará o que para os nossos políticos representa apenas mais um peão nesse jogo de xadrex.
Me desculpem!
Me desculpem por esse desabafo, não é um espetáculo da minha parte e peço a DEUS para que amanhã talvez eu não seja mais um personagem dessa trama.
Me desculpem!
Me desculpem.

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